Fazenda Chivemba prepara-se para colher 800 toneladas de milho

PRODESI
Saturday, 30 de September de 2023, às 22h56
Fazenda Chivemba prepara-se para colher 800 toneladas de milho

A fazenda Chivemba, uma das mais dedicadas unidades de produção de cereais do corredor produtivo do Peu-Peu, na margem esquerda do rio Cunene, município de Ombadja, prepara-se para colher nas próximas duas semanas cerca de 800 toneladas de milho.


De acordo com o proprietário da fazenda, José Ventura "Zé Brigadeiro”, o milho, a ser colhido num espaço de 50 hectares, terá como destino o mercado da província, que, normalmente, vive escassez de alimentos devido à seca, mas vai também para algumas moageiras nas províncias da Huíla, Benguela e Luanda.


A explorar 250 hectares, que podem ser alargados para 600 nos próximos tempos, o produtor disse estar a procurar manter o cultivo de cereais e outras culturas de forma ininterrupta. Prova disso é outra safra que se seguirá noutra parcela também de 50 hectares, cujo milho se encontra em fase de maturação. O agricultor possui um espaço total de aproximadamente mil hectares, que conformam a fazenda.


Colhido o milho nos dois campos, segundo Zé Brigadeiro, a próxima aposta vai ser o cultivo de feijão e soja, embora o milho continuar a ser o foco principal. O agricultor disse também que tem experimentado a produção de tomate, que tem dado bons resultados, razão disso estarem nesta altura ocupados quatro hectares com a plantação, além de outros da mesma dimensão em preparação.


A fazenda produtiva está a ser suportados por cinco pivôs de irrigação, que juntos cobrem uma área de aproximadamente 350 hectares, cuja água é bombeada a partir do rio Cunene por sistemas suportados por grupos geradores.


A meta, conforme o produtor, é adquirir nos próximos tempos mais quatro pivôs com capacidade de irrigação de 50 hectares cada, para elevar a produção e a diversificação das culturas, o que vai depender dos financiamentos ou dos resultados. "Se dependermos dos nossos resultados talvez consigamos meter aqui um pivô por ano, mas se houver financiamento a nossa pretensão será concretizada muito mais rápido”, vaticinou.


A fazenda, que emprega 72 trabalhadores, propõe-se ainda a produzir sementes proximamente para fornecer aos produtores locais e não só, por via de uma parceria com uma empresas com vocação na área.

Mas na fazenda Chivemba não é só produção agrícola de que se fala, esta agrega também a componente pecuária. Segundo Zé Brigadeiro, a fazenda, além do cultivo, dedica-se a criação de gado, congregando uma população animal de mais de mil cabeças contabilizadas.


O objectivo da criação, disse, é o fornecimento de carne bovina ao mercado da província e não só, por esta razão foi já construído um mini-matadouro na fazenda, que em breve começa a fazer o abate de animais em pequenas quantidades.


Dificuldade no acesso a fertilizantes


O difícil acesso aos fertilizantes, o mau estado das vias de comunicação, a falta de silos e os elevados gastos financeiros com os combustíveis e lubrificantes dos sistemas de irrigação e bombagem, continuam a ser um dos grandes entraves da produtividade das fazendas agrícolas situadas naquele corredor que se estende da vila de Xangongo até a zona da Canganda, no município do Cuvelai, conforme constatação do Jornal de Angola.


Em Peu-Peu, Cafu, Chivemba e outros pontos visitados, deu para apurar que o problema maior e de todo o tempo é a carência dos fertilizantes, dos insecticidas e a excessiva dependência de motobombas para captar água do rio para a rega, um processo que consome bastante combustível todos os dias. "As dificuldades são tantas, mas o que mais nos aflige são as vias de acesso no tempo chuvoso, os combustíveis e lubrificantes e os preços dos fertilizantes que são muito elevados”, queixou-se Zé Brigadeiro.


O produtor disse que o empresariado local já pensa em criar uma cooperativa para ver se conseguem aceder aos créditos e acesso as divisas, e daí importarem eles próprios os fertilizantes a partir da Namibia, que fica próximo, em vez de adquirirem em Luanda ou Benguela a preços altos, dado que a importação continua ainda confinada num pequeno grupo de agentes autorizados no país.


Admitiu que todos esses elevados custos com a compra de fertilizantes, de combustível e o mau estado das vias tem se refletido em boa medida no preço ao consumidor, que muita das vezes prefere os produtos provenientes da vizinha República da Namíbia, principalmente a fuba de milho, país onde os custos de produção são baixos.


O empresário revelou, por exemplo, que a sua fazenda produtiva gasta, mensalmente, cerca de 4,05 milhões de kwanzas com o gasóleo que movimenta os sistemas de bombagem e de irrigação, o que não ocorreria com a utilização da energia da rede. Disse que o seu gerador de 500 KVA consome diariamente 400 litros de combustível.


Para Zé Brigadeiro, é urgente pensar-se na electrificação das grandes zonas de produção para facilitar a actividade dos produtores.


FONTE: Jornal de Angola





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