Relatório do BAD Destaca Potencial e Desafios do Capital Natural de Angola

Banco Africano para o desenvolvimento
Monday, 4 de August de 2025, às 20h43
Relatório do BAD Destaca Potencial e Desafios do Capital Natural de Angola

O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) procedeu esta sexta-feira, 27, no Auditório da Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto, em Luanda, ao Lançamento do Relatório de Foco do País para Angola 2025 (Country Focus Report), intitulado "Fazendo com que o Capital Natural de Angola Funcione Melhor para o seu Desenvolvimento".


O acto, que decorreu em formato de seminário de alto nível, integra o ciclo de apresentação do Relatório Sobre as Perspectivas Económicas para África 2025, cujas conclusões globais foram divulgadas em Maio, durante as reuniões anuais do BAD, em Abidjan, Costa do Marfim.


O Secretário de Estado para o Investimento Público, Ivan Emanuel Marques dos Santos, representou o Ministro do Planeamento, Victor Hugo Guilherme, que também exerce as funções de Governador do Banco Africano de Desenvolvimento em Angola. Na sua intervenção, destacou que o Relatório se afirma como um “instrumento incontornável para a análise rigorosa da realidade económica do País” e reafirmou o compromisso do Executivo com um desenvolvimento sustentado em evidências, diálogo e visão partilhada.


“Angola possui vasto capital humano e natural, cujo valor económico e estratégico permanece, em grande medida, por explorar de forma inclusiva e sustentável”, sublinhou Ivan Marques, tendo acrescentado que o País precisa mobilizar anualmente 8,6 mil milhões de dólares até 2030 para atingir as metas de desenvolvimento sustentável e os compromissos assumidos no quadro da Agenda 2063 da União Africana.


Ivan Marques destacou, ainda, que o BAD tem sido um parceiro estratégico não apenas no financiamento, mas também na identificação de constrangimentos estruturais, capacitação institucional e introdução de soluções inovadoras, como a proposta de contabilização dos créditos de carbono no Produto Interno Bruto (PIB) nacional, que, no caso de Angola, pode representar um acréscimo de até 6,4%.


O Representante do BAD em Angola e São Tomé e Príncipe, Pietro Toigo, frisou que o Relatório propõe uma análise integrada do capital disponível para apoiar o desenvolvimento e diversificação económica de Angola, combinando estimativas de capital financeiro, humano e natural.

Segundo Pietro Toigo, Angola possui recursos naturais estimados em 361 mil milhões de dólares, compostos, principalmente, por 50% de capital humano, 30% de capital natural e 19% de capital financeiro produzido, revelando que o capital tradicionalmente medido representa apenas uma parte menor da riqueza disponível.


Para o representante do BAD, Angola deve apostar na valorização de recursos como petróleo, gás, diamantes, minério de ferro, fosfatos, ouro e outros minerais, além de potenciar sectores como o turismo e as pescas sustentáveis.

Coube ao Economista-Chefe do BAD, Joel Muzima, apresentar os principais dados do Relatório, tendo destacado o crescimento económico de 4,4% em 2024, o maior dos últimos cinco anos.


“A economia angolana tem mostrado resiliência. Sectores como agricultura, pescas, energia e diamantes foram motores do crescimento, demonstrando a importância da diversificação económica para além do petróleo e gás, que ainda representam 60% das receitas fiscais e 95% das exportações”, salientou Joel.


Por sua vez, a Vice-Decana para Área Académica da Faculdade de Economia, da Universidade Agostinho Neto, Teodora Leite, considerou o momento “crucial” para a reflexão sobre os desafios da economia angolana, como a produtividade, o reforço de competências, o desemprego jovem e a pobreza, tendo apelado à comunidade académica a utilizar os dados do Relatório como base para novas investigações sobre temas como dívida pública, investimento em capital humano e inclusão social.


O lançamento do Country Focus Report Angola 2025 reforça a parceria entre Angola e o BAD na promoção de um desenvolvimento económico assente na utilização eficiente e sustentável do capital natural e humano do País, com foco na inclusão, diversificação económica e sustentabilidade ambiental.


O evento contou com a participação de representantes de departamentos ministeriais, parceiros do BAD, instituições internacionais, representantes do Fundo Monetário Internacional (FMI), personalidades do sector privado, bem como membros da sociedade civil e da comunidade académica.


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