A delegação Angolana liderada pelo Ministro do Planeamento, Victor Hugo Guilherme, participou da sessão plenária que junta a administração do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional e os Governadores que representam os países contribuintes destas instituições de Bretton Woods. Trata-se de um momento de prestação de contas perante os Governadores.
O presidente do Grupo Banco Mundial (GBM), Ajay Banga, dividiu o seu discurso de abertura da reunião plenária em partes daquilo que considera terem sido as mudanças do Banco nos últimos 16 meses desde que assumiu função e os desafios futuros.
Banga reafirmou a atenção do banco para com a necessidade de desenvolvimento dos países para que as pessoas vivam o máximo do seu potencial. “é ai reside o coração do banco”.
Numa altura em que celebra 80 anos de existência, o mais alto funcionário do GBM realçou a complexidade do mundo de hoje e a necessidade de rapidez na acção.
“A pobreza, as alterações climáticas, os conflitos, as pandemias, tudo isto está interligado e as exigências modernas da reconstrução e do desenvolvimento exigem uma instituição mais rápida, mais simples e com maior impacto” destacou.
Segundo Banga, o Banco nos últimos meses conseguiu alcançar marcos mensuráveis, nomeadamente, “operações simplificadas, uma instituição mais orientada para o impacto e maior capacidade de emprestimo”.
Rapidez do Banco
O Presidente do GBM justificou essa rapidez com o entendimento de que “desenvolvimento atrasado é o desenvolvimento negado. Ao agilizar nossos processos, podemos rezuir o tempo necessário para entregar para os países que atendemos”.
Em termos de tempo, “reduzimos a aprovação de projectos de uma média de 19 para 16 meses, mas a nossa verdadeira tarefa é chegar a 12 meses até junho de 2025” prometeu Banga, que também referiu ser uma meta razoável, uma vez que já conseguiram aprovar dois projectos em 30 dias.
Simplicidade na estrutura de gestão
Outro avanço apontado é a simplicidade, o GBM vai ter chefes de países que representam todo o Grupo, isto é, BIRD, IDA, MIGA, e IFC. É o próprio presidente chamou de "estrutura de parceria nacional unificada". Em 2025 mais 20 países estarão nesse modelo.
Mais atenção ao impacto
Ajay disse aos Governadores que agora o Banco está mais voltado para o impacto dos seus projectos, porque segundo justificou “os resultados são mais importantes”.
O banco passou de 150 para 22 indicadores para maximizar o impacto. “Transparência é o que estamos tentando fazer. Deixe que acionistas, clientes e contribuintes vejam o impacto que estamos ganhando e onde precisamos fazer mais”.
Mais capacidade de empréstimo
A administração do Banco garantiu aos governadores que a instituição multilataral está mais organizada e com maior capacidade de emprestar dinheiro a custo mais baixo.
“Garantimos uma capacidade de empréstimo adicional na BIRD de mais de 150 bilhões nos próximos 10 anos”, revelou o gestor de topo.
Ajay Banga revelou que foram criados novos instrumentos financeiros “e dimensionando o que achamos que são soluções conhecidas. Por exemplo, introduzimos um financiamento de 50 anos para bens públicos globais sem custo adicional”.
Um outro produto do banco são os “empréstimos com vencimento mais curto de sete anos com preços mais baixos. Estamos procurando maneiras de dimensionar nossos vários instrumentos de financiamento que pagam pelos resultados”.
Missão 300
Até 2030 o banco mundial e o banco africano de desenvolvimento, associados à outros doadores e investidores como a Fundação Rockfeller por exemplo, estão a trabalhar par que 300 milhões de africanos tenham acesso à electricidade.
“O está posicionado para assumir projetos maiores e mais ambiciosos, acelerando nossa missão de criar um mundo livre de pobreza em um planeta habitável. E é por isso que M300, nós amamos nossas siglas, mas M300 é o nosso objetivo de fornecer eletricidade a 300 milhões de africanos até 2030 com o Banco Africano de Desenvolvimento”.
Segurança alimentar e o agronegócio
Nas contas do Grupo Banco Mundial “nas próximas décadas o mundo precisará de 60% mais alimentos para dar de comer 10 bilhões de pessoas”, por isso o Banco Mundial vai reforçar as linhas de financiamento para o agronegócio ao mobilizar, por ano, 9 mil milhões de dólares para o agronegócio, revelou o o Presidente Banga.
A ideia é promover a segurança alimentar, dar robustez à agricultura familiar para que saia da substência e entre para o segmento da agricultura comercial.
“Vamos dobrar nossos compromissos agronegócios para 9 bilhões de dólares anualmente e pretendemos mobilizar bilhões a mais do setor privado até 2030. Juntos, podemos remodelar o futuro da segurança alimentar, da nutrição, do crescimento e, mais importante, bons empregos no setor agrícola”, garantiu.
Emprego para a juventude
O mundo tem 1,2 mil milhões de jovens, em busca de oportunidades, entretanto os países só poderão gerar 420 milhões de postos de trabalho nos próximos anos, o que vai deixar 800 milhões de jovens desempregados.
O Presidente do banco considera o desemprego como sendo a principal raiz da pobreza, por isso “o nosso foco deve ser direcionado para projectos de desenvolvimento e para o enfrentamento das causas profundas da pobreza. A pobreza é um estado de espírito, não apenas um estado de ser. A maneira mais eficaz de derrotar a pobreza é dar empregos às pessoas. A melhor maneira de colocar um prego no caixão da pobreza é dar às pessoas a esperança, o optimismo, a dignidade de um trabalho”.
“O Grupo do Banco Mundial está pronto para embarcar na próxima fase de nossa missão, que é garantir que a criação de empregos e o emprego não sejam o subproduto de nossos projectos, mas um objectivo explícito do que fazemos”, esclareceu.
Ajay Banga alertou que o desemprego “vai desestabilizar as sociedades. Isso vai dificultar o crescimento econômico”, mas també garantiu que a instituição que dirige e os seus parceiros estão compromidos “em apoiar: saúde, infraestrutura, educação e qualificação, segurança alimentar, ar limpo, água limpa, as coisas que fazemos em nosso trabalho de desenvolvimento. Podemos ajudar a construir um setor público que empregue pessoas, que promova o crescimento do setor privado, especialmente para pequenas empresas que respondem por 70% do emprego global, mesmo nos países mais desenvolvidos. Sem pequenas empresas, não podemos aumentar o emprego”.